Wednesday, January 31, 2007

Do meu irmão

Remexendo as caixas na casa do meu pai em Recife, achamos muita coisa boa. Fotos, fitas e cartas. E no meio de tanta nostalgia, uma carta do meu irmão Thiago, então com 8 anos. Ele mandava as novidades que encontrou em Londres onde moramos por 2 anos. A carta data de 25/03/87. Vou preservar a estrutura e a pontuação originais. Ele adorava ponto e vírgula. Complexo desde criança... :)
"Voinha e voinho como estão as coisas aí? Muitas coisas boas? Ou muitas coisas ruins? Tomara que só coisas boas. Vou começar as aulas no colégio e aprender o inglês. Como vão as empregadas? Dulcinéia a trabalhadora e Luisa a atrasada? Aqui em casa não tem empregada mas está tudo bem; as comidas estão boas e gostosas, eu tenho muitas novidades; todas úteis; umas torneiras aqui em vez de rodar para abrir e fechar é só empurrar e a água vai saindo depois a torneira vai subindo e a água vai acabando; a porta dos ônibus abre mais rápido porque ela vai se encolhendo e a gente vai entrando. Agora aconteceu uma coincidência toda vez que eu, Raquel e Pat vamos andar de ônibus a gente pega o primeiro lugar no mesmo ônibus, o número dele é 184, a gente também andou no metrô eu quero que vocês contem para todo mundo da família da gente essa notícia o metrô que a gente andou é o mais velho do mundo inteiro tem mais de 100 anos. Lá antigamente era onde as pessoas se protegiam das bombas. Aqui agora está uns 10 graus. Um beijão e um abração do seu amigo e neto Thiago"
Falando em Londres...
Painho em uma das cartas para vovô Adalberto conta que nós 3 ficamos melancólicos com o poema do pardal que ele mandou para os netinhos (não sabemos mais que poema é esse...). Painho continua dizendo que, logo depois, encontramos um pardalzinho no jardim que não conseguia voar. Eu, com 4 anos, na minha mistureba de inglês e português:
"Vem ver Thiago o pardalzinho que não consegue fly. Poor child..."
Agora mesmo está tocando uma fita K7 enviada para nós por Tio Lula, em 1984, quando estávamos não em Londres, mas nos EUA onde moramos por 4 meses. Tio Lula no teclado, acredito... vovó, vovô e Tia Raquel cantando e declamando poesias. Os primos André, Luquinha e Mariana, vozinhas finas, desejando que o tempo passe rápido pra gente voltar logo. A fita termina com Mariana com uns quatro anos e inglês impecável, cantando "I should be so lucky, lucky, lucky, lucky". E agarrada com Quel desde miudinha: "Tchau Quequel! Boa Varig!", termina Mari.
Fiz cara de choro-alegre...

Tuesday, January 23, 2007

Da cachaça

Era bom que, quando a gente tomasse uma, qualquer tipo de meio de comunicação deixasse de funcionar. Detectado o bafo do álcool, um dispositivo poderia ser acionado e o celular, msn e afins seriam automaticamente desligados. Infelizmente, a microsoft e as operadoras de celular ainda não perceberam o perigo da combinação bebida-produtos eletrônicos. Nem o Ministério da Comunicação... que poderia advertir: o álcool combinado aos meios de comunicação destroem a moral.

Thursday, January 18, 2007

Do Recife

Dias de coração de jujuba...

Monday, January 08, 2007

Do meu verão

Trinta dias em Recife
(Medo de ser assaltada)
Bronzezinho nas pernas
Abusar dos micro shorts e micro saias
Sandálias (de salto, claro!): ventinho nos dedos do pé e calcanhares
Diet Shake na dispensa
Tênis
Corrida na pracinha ou na orla da praia
Não usar maquiagem durante o dia
Óculos escuros gigantescos para esconder as sardas
Boné para esconder as sardas
Protetor solar fator um milhão nas sardas
Reclamar das sardas
Pedir pra painho me levar no dermatologista para tirar as sardas
Ouvir ele dizer que isso é besteira
Ficar deprimida com minha cutis de cor européia
Utilizar eufemismos como o de cima para me consolar
Maquiagem de leve no rosto
Detonar um potão de sorvete de cajá
Corrida na pracinha ou na orla da praia
Não pisar na areia
Nem molhar os pés na água do mar
Sentar numa mesinha do calçadão
Comer peixe frito e tomar cerveja gelada perto da hora do pôr do sol
Corrida na pracinha ou na orla da praia
Ler García Márquez na rede
Ver uma pilha de dvds
Depois de ter enfrentado o calor de Santa Maria, não xingar mais o de Recife
Morrer de saudade...

Óculos escuros: R$ 45,00
Vestido florido: R$ 30,00
Skol gelada: R$ 2,50
Ver o pôr do sol na praia de Boa Viagem sem o meu amor: não tem graça...

Do painho

Muitos protestaram porque vinha escrevendo aqui os casos cômicos de mainha. Mas quem não coleciona as pérolas dos pais? São histórias dignas de comunidades no orkut: "meus pais falam Maque Donalds". Lá tem relatos em comum das mais diferentes pessoas do Brasil. "Eita, que onda! Achei que essas coisas só aconteciam aqui em casa", admirou-se um membro da comunidade. Será que quando a gente for "pais" vamos cometer as mesmas proezas?
Enfim, depois de falar muito de mainha, vai aqui uma de painho. Foi em Porto de Galinhas, uma conversa entre amigos testemunhada por minha irmã Quel. O assunto em pauta era "filhos". Painho filosofou:
- É engraçado essa coisa dos filhos, né? Da gente ver neles o nosso jeito... Thiago, por exemplo, tem essa coisa da responsabilidade. Pati puxou de mim essa coisa de filosofar sobre a vida, sobre o sentido da existência...
Quel, de soslaio, prestava atenção ansiosa pela sua vez...
- E Quel... Quel... Tem essa coisa, essa minha coisa... de gostar de farofa!
- Eita, painho! - protestou a bichinha*
-Mas num é minha filha? Você num gosta duma farofinha?
*expressão nordestina equivalente à "tadinha"

Wednesday, January 03, 2007

Do tempo

"Seu Hamil tinha me dito muitas vezes que o tempo vem lentamente do deserto com suas caravanas de camelos e que não tinha pressa, porque transportava a eternidade. Mas é sempre mais bonito quando se fala do que quando a gente vê no rosto de uma velha pessoa que é roubada todos os dias um pouco mais e, se querem minha opinião, o tempo é um bando de ladrões que é preciso procurar"
Trecho de "Toda vida pela frente", de Emile Ajar (Romain Gary)